domingo, 21 de novembro de 2010

EDITORIAL - A Guerra do Paraguai


A Guerra do Paraguai foi o maior conflito ocorrido no continente sul-americano. Estendeu-se de dezembro de 1864 a março de 1870.  Ela foi mais uma guerra na história da humanidade que teve fins desastrosos.
O Paraguai, no século XIX era uma potência econômica da America do Sul independente das nações européias, que preocupava a Inglaterra que queria enfraquecer seu poder. A Inglaterra, a que mais tinha a ganhar com a guerra.
Francisco Solano López assumiu o governo e deu prosseguimento à política de seus antecessores. O crescimento econômico exigia contatos com o mercado internacional. O governo de Solano López pretendia aumentar o território paraguaio e obter uma saída para o Oceano Atlântico, através dos rios da Bacia do Prata. Ele iniciou o confronto com a criação de inúmeros obstáculos impostos às embarcações brasileiras que se dirigiam a Mato Grosso através da capital paraguaia.
Se sentindo ameaçados por López, Argentina, Brasil e Uruguai financiados pela Inglaterra, uniram-se e formaram a Tríplice Aliança. A partir daí, os três países lutaram juntos para deterem o Paraguai, que foi após seis anos de luta. A partir daí as batalhas se resumiram na perseguição de López, que foi morto pelas tropas brasileiras.
Afirmo que o Paraguai não era odiado pela tríplice aliança, quem era odiado era Solano Lopez, que era visto como o grande responsável por todas as mortes.
A pior parte dessa guerra foi que Solano López queria tanto ampliar seu território, mas ironicamente causou o contrario. Ele acabou sendo tomado pelo poder, e em conseqüência mudou por completo a vida de um país que tinha tudo para ser um país de primeiro mundo e que acabou se tornando um país de baixo nível de desenvolvimento.  Apesar de a Tríplice Aliança ter vencido, essa foi uma guerra que só trouxe grandes benefícios para a Inglaterra, que foi a grande protagonista.

REPORTAGEM - A grande potência imperialista


A Guerra do Paraguai trouxe grandes protagonistas, como o Brasil, o Uruguai, o Paraguai e a Argentina. Mas uma se destacou entre elas, a Inglaterra, a grande potencia imperialista da época, teve papel fundamental na guerra.

O século XIX foi caracterizado pela Segunda Revolução Industrial, a Inglaterra continuou a ser a maior potência industrial, porém passou a ter concorrentes em relação ao desenvolvimento tecnológico, necessitando garantir cada vez mais o controle sobre suas colônias e áreas de influência.
Na América, os países recém independentes tinham um papel fundamental dentro dessa nova ordem capitalista, e nesse sentido, a economia paraguaia destacava-se, fugindo da órbita do imperialismo inglês.
O Paraguai no sec. XIX era uma potência econômica da America do Sul independente das nações européias, desde sua independência em 1811, quando se libertou da Espanha. O governo controlava o comércio exterior. O mate, o fumo e as madeiras raras exportados mantinham a balança comercial com saldo positivo. O Paraguai evitava a entrada de produtos estrangeiros, por meio de impostos elevados. Defendia o mercado interno para a pequena indústria nacional, que se desenvolvia com base no fortalecimento da produção agrícola. E isto colocaria em risco o poder da Inglaterra na América do Sul, na medida em que reduzia o mercado consumidor paraguaio para seus produtos. Havia, ainda, a ameaça de que o país eventualmente se transformasse em exportador de manufaturados ou que seu modelo de desenvolvimento autônomo e independente pudesse servir de exemplo para outros países da região
que eram totalmente dependentes do império inglês. Dessa forma, a Inglaterra tinha sólidos interesses que justificavam estimular e financiar uma guerra contra o Paraguai.  Era interessante para a Inglaterra enfraquecer e eliminar um exemplo de sucesso e independência na América Latina.
O governo britânico pressionou o Brasil e a Argentina a declararem guerra ao Paraguai alegando que teriam vantagens econômicas e empréstimos ingleses caso impedissem a ascensão da economia paraguaia.

A Inglaterra é vista tradicionalmente como a grande responsável pela guerra entre o Brasil e o Paraguai, e como a maior beneficiada que barrou o aparecimento de uma concorrente comercial e lucrou com os juros dos empréstimos contraídos.

REPORTAGEM - O fim da guerra


As conseqüências das guerras, sempre são dramáticas, brutais para uma maioria e de benefício para uma minoria. A guerra do Paraguai não de diferencia muito das outras, ela também causou mortes, destruições, tristezas e perdas milionárias. Mas o que mais de destacou depois da guerra foram às mudanças ocorridas para os países envolvidos.



Com o termino da Guerra do Paraguai, não houve um tratado de paz em conjunto. Embora a guerra tenha terminado em março de 1870, os acordos de paz não foram concluídos de imediato. As negociações foram impedidas pela recusa argentina em reconhecer a independência paraguaia.
O Brasil não aceitava as pretensões da Argentina sobre uma grande parte do Grande Chaco. A questão de limites entre o Paraguai e a Argentina foi resolvida através de longa negociação entre os países. A única região sobre a qual não se atingiu um consenso (a área entre o rio Verde e o braço principal do rio Pilcomayo) foi arbitrada pelo presidente americano Rutherford Birchard Hayes que a declarou paraguaia. O Brasil assinou um tratado de paz em separado com o Paraguai, em 9 de janeiro de 1872, obtendo a liberdade de navegação no rio Paraguai. Foram confirmadas as fronteiras reivindicadas pelo Brasil antes da guerra. Estipulou-se também uma dívida de guerra que foi intencionalmente subdimensionada por parte do governo imperial do Brasil mas que só foi efetivamente perdoada em 1943 por Getúlio Vargas, em resposta a uma iniciativa idêntica da Argentina.
Com exceção da Inglaterra, a Guerra do Paraguai trouxe mais perdas, do que vitorias para os países envolvidos.
As forças uruguaias contaram com quase 5.600 homens, dos quais pouco mais de 3.100 morreram durante a guerra devido às batalhas ou por doenças. O Uruguai não tinha grande representatividade, continuou submisso ao imperialismo inglês.
A Argentina perdeu cerca de 18 mil combatentes dentre os quase 30 mil envolvidos. Outros 12 mil civis morreram devido a doenças.  Ela anexou o território das Missões e a área conhecida como Chaco Central (território argentino de Formosa e tornou-se a mais forte dos países do Prata.
O Brasil ficou com a região entre os rios Apa e Branco, aumentando para o sul o estado do Mato Grosso.
Mas pagou um preço alto pela vitória. Durante os anos de lutas, as despesas do império chegaram ao dobro de sua receita, provocando uma crise financeira. O Império do Brasil aumentou 45 vezes seus empréstimos dos bancos ingleses.
Por outro lado a Guerra do Paraguai foi o fortalecimento e a institucionalização do exército, com o surgimento de um grande e disciplinado corpo de oficiais experientes, pronto a defender os interesses da instituição. Além disso, seu poder bélico tornava-o uma organização capaz de impor suas idéias a força, caso necessário, acrescentando uma dose de instabilidade ao regime imperial. Tornou-se altamente expressivo na vida nacional e colocou em discussão a permanência da escravidão. Muitos dos soldados que lutaram na guerra eram escravos e continuaram sendo após a vitória. Os militares questionavam tal atitude do Império e questionaram a ordem escravista até o fim do mesmo. O Exército acabou se constituindo como uma das forças para o republicanismo.
O Paraguai sofreu uma violenta redução de sua população. As aldeias destruídas pela guerra foram abandonadas, e os camponeses sobreviventes migraram para os arredores de Assunção, dedicando-se à agricultura de subsistência. A indústria entrou em decadência. O mercado paraguaio abriu-se para os produtos ingleses, e o país se viu forçado a contrair seu primeiro empréstimo no exterior, para a Inglaterra.
Depois da guerra, boa parte das melhores terras foi anexada pelos vencedores.
Antes da guerra, o Paraguai era uma potência econômica na América do Sul. Após este conflito, o Paraguai nunca mais voltou a ser um país com um bom índice de desenvolvimento econômico, pelo contrário, passa atualmente por dificuldades políticas e econômicas.
Milhares de vidas humanas foram perdidas na guerra, ela fora longa e dura.
O fim da batalha deixou uma marca de sangue que assusta a América Latina até hoje.

REPORTAGEM - Ditador, estadista e herói paraguaio

Para muitos era considerado um sanguinário, para outros era considerado um herói. Francisco Solano López tinha como objetivo aumentar o território paraguaio e obter uma saída para o Oceano Atlântico, mas acabou desencadeando a Guerra do Paraguai, trazendo uma massacrante derrota para seu povo.


Político e militar paraguaio, era filho mais velho do ditador vitalício Carlos Antonio López. Torna-se general-de-brigada aos 18 anos e o pai o envia à França, onde estudou e absorveu o sistema militar e comprava armas e munições para modernizar o exército do Paraguai.
Ao ser nomeado pelo pai ministro da Guerra e da Marinha, Solano adotou nas forças armadas paraguaias o sistema militar aprendido na Europa.
Assume o governo após a morte do pai, e procura manter uma política de desenvolvimento econômico. Contrata técnicos estrangeiros para implantar inovações tecnológicas no país, entre elas a primeira rede telegráfica da América do Sul, uma malha ferroviária e várias indústrias.
Investe na construção naval e na fabricação de armas e institui o serviço militar obrigatório. Como seu território não tem saída para o mar, reivindica do Brasil e da Argentina direitos de navegação e comércio no rio da Prata. Sua atitude expansionista provoca a Guerra do Paraguai.
Francisco Solano Lopez, às surdinas, criou um exército bastante poderoso para a época, oitenta mil homens, armado e treinado por oficiais franceses.
No início do conflito López obteve alguns êxitos militares , pois possuía um exército mais numeroso e profissional. Porém, logo a guerra evoluiu de forma adversa para o Paraguai.
Solano, vendo-se cercado de conspiradores, em 1868, acusou vários de seus compatriotas de traidores e conspiradores, mandando executá-los, entre estes seu irmão Benigno e o bispo Palácios. Foi o chamado Massacre de San Fernando.
Após a derrota Solano López foge para o interior e é morto pelo exército brasileiro. Hoje é considerado herói nacional do Paraguai.

ENTREVISTA - Os dois lados da História



Esta claro que a Guerra do Paraguai não se tratava de um conflito do bem contra o mal. Ambos os lados tiveram seus motivos para guerrilhar por seus países durante seis anos.
Mas quais foram esses motivos? Qual é a melhor justificativa para terem começado uma guerra de tal magnitude?
Acompanhe agora uma entrevista exclusiva em que os representantes do Paraguai e da Tríplice Aliança iram justificar o motivo que levaram ambos a entraram na guerra, que foi um marco na História.

Tríplice Aliança: Esta claro que a guerra do Paraguai foi iniciada quando o ambicioso ditador Francisco Solano López, teve como objetivo ampliar seu território anexando nossas regiões, para criar “Paraguai Maior”.

Paraguai: Antes de tudo, quero lembrar a todos que nos paraguaios antes da guerra vivíamos em um país invejado por vocês, pois tínhamos alcançado um progresso econômico autônomo, a partir da nossa independência, estávamos acabando com a escravidão, com o analfabetismo e principalmente com a fome. Éramos os únicos a independentes das nações européias. Tudo que consumíamos nos mesmos produzíamos. Porém essa autonomia era precária, apesar do desenvolvimento interno do país e de todos os empregos, nossa alimentação era básica. Quando Solano López assumiu o posto de seu pai, queria apenas melhorar a vida de todos nós, o problema era que o Paraguai era um país vulnerável, bastaria bloquear o estuário do Prata ou qualquer trecho do rio Paraná para que nosso isolamento do resto do mundo fosse completo. Necessitávamos da bacia Platina para ter acesso ao oceano Atlântico só que isso ameaçava os interesses dos argentinos e brasileiros, que se viam ameaçados pelo nosso governo. Foi assim que a guerra começou.

Tríplice Aliança: Nós não nos sentíamos ameaçados por vocês paraguaios, só queríamos defender nossas terras, quando Francisco Solano López ordenou o aprisionamento do navio brasileiro Marquês de Olinda, no rio Paraguai, retendo, entre seus passageiros e tripulantes, o presidente da província do Mato Grosso, Carneiro de Campos. Nossa resposta foi imediata, declaração de guerra ao Paraguai.

Paraguai: Sim, nos começamos a guerra, mas não se esqueçam que além do propósito de melhorar nosso país, dois meses antes, o Brasil havia interferido, mais uma vez, na política interna do Uruguai, para levar seus aliados colorados ao poder. Além da covardia de três países se juntarem contra um.

Tríplice Aliança: De inicio parece covardia, três contra um, só que seu presidente Solano Lopez, às surdinas, criou um exército bastante poderoso para a época, oitenta mil homens, armado e treinado por oficiais franceses, contra o Uruguai só de 2 mil homens, a Argentina só de 12 mil e o Brasil, de 20 mil . Decidimos não sermos mais ameaçados e dominados por Solano Lopes. Por isso unimos nossas forças.


Paraguai: Vocês só estão esquecendo-se de mencionar a intervenção da Inglaterra, que foi o principal motivo de nossa derrota. Ela que se sentiu ameaçada pelo único país sul-americano, que não dependia dela. Então ela os pressionou para declararem guerra contra nós.

Tríplice Aliança: Nós aceitamos a oferta dela, porque com sua ajuda teríamos vantagens econômicas e empréstimos além do apoio com o exército, que precisávamos para vencer a guerra.
Apesar da nossa vitoria, admitimos que, quem realmente saiu vitoriosa foi à Inglaterra, que ganhou mais poder e dinheiro.

E com essa reposta, encerramos o debate da Tríplice Aliança com o Paraguai, que teve o intuito de mostrar os lados da historia.